Ela, então, me respondeu que nasceu em Curitiba, mas sua mãe que é a minha avó era filha de um gaúcho que gostava de churrasco e andava de bombacha e trabalhava no rancho. E um dia, bem cedinho, foi caçar atrás do morro, quando ouviu alguém gritando: "Socorro! Socorro!"
Era uma voz de mulher ...

E ele então se apaixonou ...
E marcaram casamento com churrasco e chimarrão e tiveram seus três filhos: minha avó e seus irmãos.
E eu fico imaginando, fico mesmo intrigado... Se não fosse uma barata, ninguém teria gritado. Meu bisavô, nada ouviria! E seguiria na caçada. E eu não teria bisavô, bisavó, avô, avó, pai, mãe... Não teria nada. Nem sequer existiria.
Perguntei para o meu pai: "Pai. Onde é que 'ocê' nasceu ?"
Ele, então, me respondeu que nasceu lá em Recife, mas, seu pai que é o meu avô era filho de um baiano que viajava no sertão e vendia coisas como roupa, panela e sabão. E que, um dia, foi caçado pelo bando do Lampião que achavam que ele era, da polícia, um espião.
E se fez a confusão !

E uma moça apareceu bem no último instante e gritou pra aquele bando: "Esse rapaz é comerciante!". E com muita habilidade ela desfez a confusão e ele, então, deu-lhe um presente: um vestido de algodão.
E ela então se apaixonou ...
Se aquela moça esperta não tivesse ali passado, ou se não se apaixonasse por aquele condenado, eu não teria bisavô, nem bisavó, nem avô, nem avó, nem pai pra casar com a minha mãe...
Então eu não contaria essa história familiar, pois, eu nem existiria pra poder cantar...
Nem pra tocar violão !
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